271. Vocativo em cartas régias portuguesas: uma análise semântico-enunciativa
Resumo
Neste trabalho, analisamos sentidos estabelecidos pelo vocativo em um corpus de trinta e três cartas régias portuguesas datadas do século XVII. Tais cartas eram, segundo Lara (2000, p. 25-26), documentos legais assinados por monarcas que, dirigidas a uma autoridade ou pessoa determinada, constituíam como um ordem jurídica da coroa de Portugal. Procura-se responder à questão: “Quais sentidos podem ser atribuídos ao vocativo em enunciados de cartas régias portuguesas do século XVII?”. Para tanto, mobilizando pressupostos da Semântica Enunciativa, buscamos comprovar que os sentidos do vocativo se constituem nas relações de poder entre as autoridades coloniais. As análises mostraram que a enunciação do vocativo é agenciada de um lugar de autoridade instalando práticas institucionais nas quais se observa a circulação, a delegação, e a distribuição de poder através das autoridades para as quais as cartas eram dirigidas.