232. Representações de Lampião na Literatura de Cordel sob uma perspectiva discursiva

Resumo

     Neste trabalho, apresentamos uma análise discursiva sobre as representações de Lampião na Literatura de Cordel, enfocando as seguintes imagens que essas representações deixam flagrar nessa literatura: imagem de justiceiro/herói versus imagem de cangaceiro/bandido. As materialidades particularizadas para a análise são os cordéis: “A chegada de Lampião no inferno”, de José Pachêco, e “A chegada de Lampião no céu”, de Guaipuan Vieira. O dispositivo teórico-analítico empreendido, neste trabalho, está ancorado em teorizações de Foucault (1986), de Pêcheux e Fuchs (1975), de Orlandi (1996; 1999; 2001) e de Leite (2010). Além disso, com o intuito de construir uma circunscrição histórica sobre Lampião, recorremos aos apontamentos de Jasmin (2016), de Sarmento (2016), de Silva (2017) e de Vieira (2012). As análises são produzidas com base em recortes discursivos das referidas materialidades, de modo a trabalhar as discursividades sobre Lampião como justiceiro/herói e como cangaceiro/bandido. As análises apontam para o seguinte funcionamento discursivo: um Lampião bem aceito em seu contexto nordestino, mas rejeitado tanto no céu quanto no inferno graças às suas ações de bandido, embora numa construção justificada frente às injustiças que lhe tornaram forte, fizeram-no herói.