30. Igreja e escravidão no período colonial: relação entre o clero e seus cativos

Autores

  • ANDRADE, Rafaela Muniz de (UFBA)
  • PEREIRA, Norma Suely da Silva (UFBA)

Resumo

     O regime escravagista instalado na América portuguesa entre os séculos XVI e XIX afetou definitivamente a vida de africanos, que foram traficados e seus descendentes, que ainda hoje poucos direitos têm alcançado em nossa sociedade. A Igreja católica, durante a sua atuação no desenvolvimento da sociedade colonial, esteve relacionada à situação de exploração da mão-de-obra forçada de africanos e afrodescendentes. Para as ordens religiosas no Brasil colonial, embora contrária às suas ideias missionárias, a escravidão de africanos não era impedida. Pelo contrário, os padres da Companhia de Jesus ratificavam como inconcebível a vida sem o trabalho dos escravos, e, portanto, confirmavam a posição dos colonizadores. A análise filológica de documentos coloniais presentes no Livro I do Tombo do Mosteiro de São Bento revelou, entretanto, que os documentos relativos aos religiosos, mostra que estes, talvez por temerem as punições do juízo final, querendo passar por bons cristãos, caridosos, e com isso alcançarem a redenção divina, mostram uma postura diferente em seus testamentos, nos quais os negros aparecem citados como herdeiros, recebendo doações em bens e em dinheiro, além de alforrias. Com relação à língua, o estudo demonstrou ainda aspectos grafemáticos e semânticos característicos da escrita do período. Como assinala Andrade (2008) os registros feitos nesses manuscritos são relevantes para a história da construção do Brasil, pois guardam dados relativos aos três séculos iniciais do período colonial no território da América portuguesa.

Palavras-chave:

Escravidão. Igreja. Manuscritos coloniais.

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Publicado

20-06-2020

Edição

Seção

Artigos