30. A representação discursivo-cultural do território em programas eleitorais da frente contra a criação do estado de Carajás no plebiscito de divisão do estado do Pará
Resumo
Este trabalho investiga como programas eleitorais do plebiscito de divisão do estado do Pará se valeram de aspectos discursivo-culturais para construírem significados/referências sobre o território em disputa. Nesse sentido, será analisado o primeiro programa da Frente Contra a Criação do Estado de Carajás (Programa Não e Não Carajás), com o objetivo de identificar como se deu o processo de construção discursiva, que se vale de elementos culturais da identidade paraense, para relacioná-los ao território, constituindo o discurso da não divisão. O corpus de análise é formado pela transcrição do programa eleitoral, com base em Silva Júnior (2017). As incursões de Norman Fairclough (2008) e Chouliaraki e Fairclough (1999), da Análise Crítica do Discurso e de Bonini (2013) e Meurer (2005), da Análise Crítica de Gêneros do Discurso, ancoram as discussões; além dos apontamentos sobre identidade cultural de Silva (2014). Tais autores propõem um olhar crítico voltado às instituições e suas práticas de linguagem, alertando quanto à construção de discursos que reforçam desigualdades e assimetrias na vida social, sobretudo quando articulados à projeção midiática, além de destacarem a relação entre linguagem e formação de significados identificacionais. Os resultados apontam que mídia e política, ao produzirem os discursos contrários à divisão do estado do Pará, valeram-se de elementos culturais para reforçar práticas discursivas dominantes, que inviabilizaram a divisão territorial do estado do Pará; aspecto esse que manteve inalterada a relação de poder em favor do discurso das classes hegemônicas, reforçando princípios dominantes quanto à representação do território.