141. O lado oculto da leitura: uma análise do conto “Felicidade clandestina”, de Clarice Linspecto

Resumo

     Este trabalho tem como objetivo analisar o conto “Felicidade clandestina”, inserido na obra de mesmo nome de Clarice Lispector. O que se chama de “lado oculto da leitura” é uma tentativa de análise do conto por meio de três abordagens teóricas: a literária, a textual e a discursiva. Na medida em que os textos não existem sozinhos nas prateleiras do mundo, pois se materializam na prática da leitura, é imprescindível reconhecer que o leitor é tão fundamental quanto o autor, e que vai preenchendo lacunas que o texto deixou. Essa premissa é desenvolvida pela Estética da Recepção, conforme Iser, Jauss e Barthes, problematizada por Terry Eagleton (2006). A teoria literária em questão revela que, durante anos, o leitor não foi privilegiado no trio autor – obra – leitor. No âmbito da Linguística Textual, tendo por pressuposto o papel do leitor na compreensão textual, é apresentada a teoria dos horizontes de Marcuschi (2008), sendo o horizonte máximo a geração de sentido pela reunião de informações que o texto traz e os conhecimentos pessoais que o leitor tem. Na abordagem discursiva, Orlandi (2012) afirma que o processo de significação de um texto está relacionado ao contexto histórico-social do leitor. Portanto, ao visitar o conto, sob diferentes vieses teóricos,é possível engendrar diferentes leituras e sentidos, que não se esgotam, demonstrando-se o lado oculto da leitura.