152. Pedagogias feministas desde o sul: linguagem ativista e alternativas de mundos possíveis
Resumo
Esse trabalho objetiva investigar as propostas de mundos possíveis presentes em distintos feminismos localizados no sul do globo. Tais propostas são apresentadas por meio de uma linguagem ativista que questiona o projeto político do movimento que hoje é compreendido como feminismo ocidental, ou ainda feminismo hegemônico. As bases epistemológicas desse projeto são veemente atacadas, assim como as do projeto de modernidade ocidental, pois ambos são acusados de encobrir pontos de vista situados, a partir de uma pretensa neutralidade e universalidade. Mesmo a centralidade do “gênero”, enquanto sistema primeiro de opressão na experiência de todas as mulheres, vem sendo refutada e a conclusão de intelectuais como Yuderkys Espinosa-Miñoso é de que movimentos feministas experimentam a colonialidade da razão feminista, pois até as pautas prioritárias foram organizadas a partir da experiência de mulheres brancas, burguesas do Norte global. Assim, essa pesquisa de cunho qualitativo, desenvolvida a partir de referências bibliográficas objetiva também apresentar a crítica à racionalidade desenvolvida nas margens; evidenciar a organização dos movimentos feministas, a partir da década de 1980; bem como apresentar as pedagogias desenvolvidas no feminismo comunitário, no feminismo negro e no movimento agroecológico de mulheres. Podemos concluir que as críticas realizadas aos movimentos que se pretendem universais são panos de fundo de um objetivo muito maior: visibilizar discursos que apresentem possibilidades de existências outras.