202. “Vimbundo está cucopiando”: uma análise sobre a língua falada na comunidade de Cafundó – Salto de Pirapora (São Paulo/Brasil)

Resumo

     Este artigo tece reflexões sobre a língua falada numa comunidade de remanescentes de quilombolas, a Comunidade de Cafundó (Salto de Pirapora-SP, Brasil), e o processo de formação de uma expressão falada muitas vezes no cotidiano comunitário, mas especialmente em eventos e na presença de pessoas externas ao meio. Discutem-se, assim, os espaços em que o léxico presente nessa comunidade remanescente quilombola se vincula a sua origem e processo de acomodação em seu local de permanência, sob a seguinte problemática: por qual(is) forma(s) ou elementos sinalizadores a língua falada nas comunidades remanescentes quilombolas expressaria elementos de sua trajetória histórica, cultural e social? O objetivo deste artigo foi investigar a língua falada nessa comunidade remanescente quilombola do interior de São Paulo e seu processo constitutivo, a partir de uma interação crescente entre meio, processos adaptativos e cultura, um vínculo a construção de identidade e territorialidade no Brasil. A metodologia utilizada para o desenvolvimento desta análise foi a revisão bibliográfica de textos referentes a este grupo específico, da sua descoberta ao registro da língua, em uma revisão bibliográfica, desenvolvida entre publicações impressas e digitais. Foi observado que o falar dos povos quilombolas em seus territórios remanescentes refletiria, dessa maneira, em diferentes relatos e registros de luta, resistência e identidade, em que a língua falada se contrapõe a adentrações diversas e estabelece um marco entre o coletivo quilombola e os demais. Concluiu-se que, quanto mais isoladas as comunidades ou culturalmente fortalecidas, mais a língua tende a se diferenciar de forma expressiva.