04. “Acorda, amor”: são os homens. uma análise semiolinguística da canção de Chico Buarque como crítica à ditadura militar
Resumo
O compositor Chico Buarque, desde 1965, sofreu com a censura na ditadura. Pelo fato de as artes e as mídias estarem em constante monitoração, músicas que suscitassem dúvidas sobre a idoneidade e a legitimidade do movimento revolucionário, realizado pelos militares, ou tinham alguns versos vetados, ou eram inteiramente proibidas. Devido à dificuldade existente para se lançar canções que contivessem críticas à ditadura militar, o objetivo desta pesquisa é investigar qual foi a estratégia linguístico-discursiva utilizada por Chico Buarque para burlar o cerceamento. Para a realização da análise do corpus – a canção buarqueana “Acorda, amor” –, utilizar-se-á a Teoria Semiolinguística do Discurso, cunhada pelo pesquisador francês Charaudeau. Basear-se-á, principalmente, em Charaudeau (2019; 2015; 2005), por oferecer um aporte teórico-metodológico com a competência para analisar diferentes tipos de corpora, e em Hollanda (2006) e Homem (2009), por realizarem importantes contribuições biográficas e históricas sobre o Chico Buarque e a ditadura. Este trabalho, portanto, apresenta como justificativa contribuir não só com a reflexão sobre os perigos que uma intervenção militar pode trazer para a democracia, mas também que a arte pode mostrar sua importância crítico-social nos momentos mais difíceis por intermédio de um bom estratagema linguístico.