88. Pedagogias de axé: linguagens, modos de fazer pedagógicos e a circularização do conhecimento na diáspora africana
Resumo
Este trabalho objetiva investigar a existência de pedagogias próprias que sistematizam os conhecimentos (re)criados na diáspora africana, os quais ainda resistem nos terreiros de candomblé. A preservação da memória expressa em diferentes formas de linguagem, foi fundamental para a (re)existência de africanos e africanas na diáspora. Dessa forma, inicialmente os corpos de pessoas escravizadas, em performance, e posteriormente os terreiros se configuraram como espaços de circulação de memória que resguardou princípios cosmológicos, cosmogônicos, valores éticos e estéticos. Entendendo a memória como conhecimento coletivizado e ensinado por ancestrais tanto pela oralidade quanto pela performance corpórea, buscamos, neste trabalho, entrelaçar o axé, força dinâmica e energia vital da comunidade litúrgica Nagô, com uma perspectiva de educação praticada nos terreiros. A partir dos itans das Orixás Osún e Nanã, somos instigadas(os) a estrapolar concepções binárias sobre a guerra e passamos a compreender a educação práticada nos terreiros como estratégia letal de combate ao epistemicidio praticado pelo ocidente. Ao nosso ver, tais conhecimentos só se mantiveram em virtude das sistematizações e didáticas próprias praticadas nesses espaços. Assim, o aprender fazendo ou aprender brincando são metodologias fundamentais para a circulação do saber que é incarnado nos terreiros a partir da relação vivida com os Orixás, com a ancestralidade, com Yalorixás e irmãs e irmãos de santo.