11. Usos do termo “doutor” no Brasil: Considerações sob ótica de teorias do discurso
Resumo
Este artigo constitui uma análise dos usos do termo “doutor” no Brasil. Verifica-se que esse termo passou por uma evolução semântica, partindo do latim doctor, que significava mestre e professor, até seu uso atual, tanto em contextos acadêmicos quanto em outros contextos sociais. Sob a ótica interacionista de Bakhtin (1995; 1997), o uso do termo é dialógico, variando conforme o contexto social e as interações. O termo ‘doutor’ não tem um significado fixo, mas adquire múltiplos sentidos de acordo com a situação e as intenções do falante, podendo indicar prestígio, deferência, autoridade ou ironia. Entretanto para Michel Pêcheux (1988; 2000), o termo reflete formações ideológicas e discursivas nas quais os sentidos são construídos por relações de poder e interpelação ideológica. Considerando-se esse filósofo, o uso de ‘doutor’ no Brasil está enraizado em condições históricas e sociais específicas, servindo como marcador de status e de relações de poder. Enquanto, com base em Pêcheux (1988, 2000), foca-se na ideologia e nas relações de poder que moldam o uso do termo, conforme Bakhtin destaca-se a interação social e a negociação de significados, considerando o termo um fenômeno dialógico que varia conforme as diferentes vozes sociais. Tendo em vista Foucault (1980), podem-se entender os usos do termo “doutor” como um item de legitimação do saber técnico, ligado ao exercício de poder. Assim, o termo “doutor” no Brasil encapsula uma complexa rede de significados em nuances semânticas, abrangendo também questões ideológicas, culturais e sociais.