05. A formação da identidade linguística do português falado em Angola: uma revisão bibliográfica e notas sobre a sócio-história

Resumo

     Com este texto, buscamos prioritariamente responder à seguinte questão: o português angolano (PA) está em processo de formação ou já possui uma identidade sociolinguística própria? Sobre essa questão, assinalamos que duas hipóteses dicotômicas são aventadas. Inverno (2004, 2008) e Teixeira (2008, 2013), com base em dados socio-históricos e linguísticos, advogam que o PA ainda está em processo de formação. Já Figueiredo e Oliveira (2013) não coadunam com essa ideia, pois, para esses pesquisadores, já se pode atribuir um estatuto de variedade nacional ao PA. Em face disso, realizamos uma revisão de literatura, a partir de trabalhos realizados por integrantes do Núcleo de Estudo da Língua Portuguesa (NELP), da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), que constrastaram as duas variedades não europeias da língua portuguesa, a saber: a brasileira e a angolana (RODRIGUES, 2014; ARAUJO, 2016; ARAUJO; LUCCHESI, 2016; SILVA; ARAUJO, 2017; SANTOS, 2015, ARAÚJO; SILVA, 2019, entre outros) e buscamos verificar, com base nos resultados alcançados, qual hipótese se sustenta empiricamente. Após a revisão da literatura, os estudos desenvolvidos com dados de fala do português luandense, sendo esse representante do PA, mostraram que, para alguns fenômenos, há similiaridade entre este e o português europeu (PE) e que, para outros, a similiaridade verificada é com o PB. Essas direções contraditórias apontam que o PA é uma variedade ainda em processo de construção de sua identidade. Logo, coadunamos com a tese aventada por Inverno (2004, 2008) e Teixeira (2008, 2013), por julgarmos ser pertinente, tendo em vista o que demonstram os estudos empíricos realizados e a sócio-história de Angola.