182. Paráfrases discursivas: interdição e dispersão na construção de títulos de obras do PNLD de língua portuguesa

Autores

  • FONSECA, Álvaro José da Silva (UFT)
  • SANTOS, Janete Silva dos (UFT)

Resumo

     A língua se manifesta parafraseando o interdiscurso que, por sua vez, funciona regulando os sentidos por meio de formações discursivas e determinando um movimento de interpretação em que os discursos mobilizados sejam uns e não outros. Ao mesmo tempo em que retoma o já dito, a paráfrase discursiva também produz polissemia, ou seja, ela dispersa sentidos. Essa articulação entre o parafrástico e o polissêmico afeta as elaborações discursivas em momentos históricos diferentes. No campo das políticas públicas para o ensino de Língua Portuguesa essas construções mostram como diferentes concepções e abordagens disputam espaço no imaginário simbólico. Em especial, preocupa-nos a questão em torno dos sentidos que circulam no âmbito do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e o modo como as discursividades são direcionadas para o público escolar. Partindo dessa problemática, ancorados na Análise de Discurso francesa (AD), analisamos o funcionamento da paráfrase a partir de enunciados que circulam no PNLD. Sob dispositivos teóricos da AD, construímos um arquivo de títulos de obras recortados dos guias e manuais do PNLD de língua portuguesa dos anos finais do Ensino Fundamental, publicados no período de 1985 a 2017. Nesse gesto de leitura, problematizamos nosso objeto discursivo a partir de conceitos como formação discursiva, paráfrase, polissemia e arquivo. Por fim, apontamos como dois dispositivos parafrásticos funcionam produzindo sentido: (i) a interdição, que atua regulando os sentidos a partir da presença das expressões “língua portuguesa” e “português”; e (ii) a dispersão, que deriva sentidos introduzindo outros elementos linguísticos que parafraseiam aquelas expressões.

Palavras-chave:

PNLD. Análise de Discurso. Paráfrase discursiva.

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Publicado

06-01-2020

Edição

Seção

Artigos