175. O uso da semântica democratização da beleza na tentativa de desconstrução de padrões
Resumo
Não é novidade na contemporaneidade, a excessiva cobrança que as mulheres sofrem, para corresponderem a um padrão de beleza. No entanto, o aprisionamento pela “ditadura da beleza” ficava restrito às classes abastadas, devido ao alto custo dos produtos e procedimentos estéticos. Numa tentativa inclusiva, tem-se noticiado com a semântica de “libertação”, o termo “democratização da beleza”, que nada mais é que uma forma de oportunizar à todas as classes sociais, o acesso ao embelezamento, não deixando claro com o termo, a diferença nos riscos e resultados. Assim, o presente trabalho busca refletir essa intensa busca que fortalece o sentimento de insatisfação pessoal, fazendo com que as pessoas tentem manipular sua identidade visual em busca de uma maior aceitação social, submetendo-se a inúmeros procedimentos estéticos, muitas vezes de forma arriscada e imprudente, de acordo com o poder aquisitivo, “amparadas” pela semântica do termo democratização da beleza. Tal concepção traz o sentido de desconstrução de padrões, provocando sensação de “acolhimento” para a realização das intervenções, motivadas pela espetacularização da vida nas redes sociais, sem percepção com isso, dos riscos, quando sobrevivem, de descaracterização da sua própria identidade. Para tanto, utiliza-se de resgate bibliográfico, sobretudo nos estudos à luz de Vigarello (2005; 2003; 1995), que situa, historicamente, a beleza, a partir do século XVI, distribuindo-a como revelada, expressiva, experimentada e desejada até século XIX, indagando ser democratizada a partir do século XX, bem como dos estudos de Goffman (1998) que oferece pensar o conceito de estigma, Lipovetsky (2000) que discorre sobre o desejo pelo luxo, Sant`Anna (2005) com as reflexões sobre “o fantasma do corpo feminino”, trazendo essas ponderações para a pós-modernidade. Almeja-se, assim, contribuir com os estudos que trazem, como proposta, evidenciar e alertar sobre essa problemática, em voga, na sociedade pósmoderna.