26. A paralaxe da violência e do currículo de Língua Inglesa: uma análise da BNCC à luz da teoria de Slavoj Zizek

Resumo

     A Língua Inglesa é um fenômeno discursivo que produz objetos de referência no interior de uma materialidade repetível cujas narrativas de poder são incorporadas em tradições e traduções culturais. Nesta perspectiva, esta pesquisa visa identificar os tipos de violência instituídas no currículo de Língua Inglesa na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2018), enfatizando as dimensões de alteridade, de outridade, de obrigatoriedade, de espetáculo e de demanda mercadológica à luz da teoria de Slavoj Zizek (2014). Para tal, define-se o currículo como narrativa (GOODSON, 2020); caracteriza-se a pós-modernidade (HAN, 2017a; 2017b); analisa-se a dialética que envolve o currículo e as tradições curriculares; definem-se os diferentes tipos de violência a partir de Zizek (2014); analisam-se as dimensões curriculares e sua influência na ensino de Língua Inglesa; e por fim estabelece-se a relação entre língua, currículo e violência simbólica de modo a compreender os “entrelugares” por eles ocupados na constituição das subjetividades e na aprendizagem.  Esta pesquisa de natureza discursiva demonstra um apagamento da alteridade à medida que o currículo carece da experiência do Outro. Além disso, a imposição da Língua Inglesa como língua franca e a exclusão de outras línguas adicionais soma-se ao caráter eficientista e racionalista do documento de atender a necessidades mercadológicas conforme a lógica de auto exploração/determinismo. Mediante o exposto, conclui-se que a BNCC coloca o ensino num nível zero de não violência, imperceptível, que se acresce a violência simbólica da língua, perfazendo-se um instrumento de violência simbólica experimentada que não propicia um experienciar identitário e narrativo.