58. O uso do pronome a gente e as mulheres quilombolas de Rio das Rãs: uma abordagem sócio-histórica

Autores

  • GUIMARÂES, Maria Aparecida de Souza (UNEB)
  • SILVA, Jorge Augusto Alves da (UESB)

Resumo

     Com este estudo, investigamos o uso do pronome a gente em posição de sujeito no Quilombo de Rio das Rãs no interior da Bahia. A partir de trechos de narrativas femininas originados das entrevistas realizadas sob orientações e métodos usados na Sociolinguística, discutimos aspectos de estruturas linguísticas e extralinguísticas relacionados à temática a gente e nós. Recorremos a princípios teóricos da Variação e Mudança Linguística (LABOV, 2008) e a uma abordagem sócio-histórica (LUCCHESI, 2000; MATTOS E SILVA, 2004; SILVA, 2005). Se, por um lado, as gramáticas normativas registram o pronome a gente em discursos informais (CUNHA; CINTRA, 1985) ou em contexto impessoalizador (BECHARA, 2004), por outro lado, os estudos sociolinguísticos realizados em várias regiões do Brasil têm mostrado o quanto o a gente vem ocupando o lugar do pronome nós (LOPES; VIANNA, 2015). Para Lucchesi (2009), todas as variedades da língua portuguesa na América e na África, o pronome pessoal canônico da 1ª pessoa do plural nós enfrenta uma concorrência crescente da forma a gente. Hoje, com o resultado do processo de gramaticalização, a consciência dessa estrutura sintagmática original já se perdeu para a maioria dos brasileiros (LUCCHESI, 2009). Os resultados encontrados no corpus, em análise, têm apontado para um uso crescente da forma a gente, sobretudo, pelas mulheres.

Palavras-chave:

Sócio-história. Pronome pessoal. Variação linguística.

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Publicado

03-06-2022

Edição

Seção

Artigos